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quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Estações



Por nove luas fomos uma só, inseparáveis
e quando tu chorastes e abristes os olhos para o mundo
eu também abriste os meus, e ao teu lado jurei ficar

Te vi crescer, de pequena semente desabrochar em flor
com lindas pétalas a exalar um doce odor
fui teu sol, tua luz, teu reconfortante calor

Mas como pude tão ingenua ser?
em pensar que tu minha flor precisaria da minha luz para viver?
Como pude não notar?
Que quanto mais tuas raízes na terra estavam a se adentrar
tu encontraste teu conforto na fria escuridão
e minha luz para ti, se tornou vão

Pouco a pouco te vi descer

puxada pelo impeto da paixão
Mas como pude tão ingenua ser?
eu já devia saber
que cedo ou tarde o cordão que nós ligava iria se romper

No lugar da minha cálida luz
tu se entregasse ao fogo ardente da paixão
na volúpia dos desejos e da luxuria
e eu sozinha fiquei a chorar
abandonada ao frio, uma chama a se apagar

Mas um dia, tu ira lembrar do meu amor
um sentimento antigo, puro, divino
E a minha luz ira retornar

E não importa quantas vezes volte a cair
nas mais fortes e avassaladoras paixões
eu sei que para o meu seio iras voltar


A poesia acima é de minha autoria. A fiz me baseando em um dos meus mitos favoritos o de "Demeter e Persefone" por isso mesmo o titulo "estações" pois este mito conta a historia dos ciclos das estações baseado na descida da deusa Persefone ao mundo inferior para se tornar rainha do mundo dos mortos ao lado de seu marido Hades, e ao seu regresso da mesma, quando ela volta ao seio de sua mãe Demeter.

A poesia porem tem um significado muito mais profundo, ela trata da difícil separação entre mãe e filha, quando a ultima começa a entrar na vida adulta (ou se entrega a paixões) e assim pouco a pouco se afasta do seio e da proteção materna. Apesar de os nomes das deusas não estarem presentes existem vários simbolismos que nos ajudam a identificarmos o mito. A comparação da filha com uma flor se da pois Persefone é a deusa da primavera. O amor materno é comparado com uma chama sutil que protege e acolhe enqautnto a paixão que a faz descer ao mundo dos mortos (um simbolismo do inconsciente  é comparado com o fogo abrasador e intenso da paixão.

A dor e a tristeza de Demeter, deusa arquetípica da mãe-terra, ao perceber que a filha não depende mais dela e tem sua própria vida é o tema central tratado na poesia. Os "Por nove luas fomos uma só" (1º  verso da 1º estrofe) faz referencia aos nove meses em que Demeter estava gravida, ao qual elas eram duas pessoas dividindo o mesmo corpo.

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